sexta-feira, 10 de novembro de 2017

RESENHA | Justiça


Muitos de nós, fãs incondicionais de quadrinhos de super heróis, crescemos assistindo àquele famoso desenho animado dos Superamigos, da Hanna-Barbera, que trazia os mais importantes personagens da DC Comics em sua versão animada (se você foi um dos que assistiram este desenho, saiba, meu amigo, que está ficando velho!). Muitos de nós, aliás, tivemos nosso primeiro contato com personagens como Batman, Superman e Mulher Maravilha através desta animação. Havia uma temporada deste desenho - intitulada O Desafio dos Superamigos -, em que os super heróis enfrentavam uma sinistra equipe formada por alguns dos maiores super vilões da DC Comics da época: a Legião do Mal. Foi desta série que veio a inspiração para a criação de Justiça, uma maxi-série em 12 edições concebida pela lenda viva da nona arte Alex Ross (Marvels, Reino do Amanhã, Terra X), com roteiros de Jim Krueger (Terra X) e lápis de Doug Braithwaite.

Legião do Mal - Alex Ross (acima) / Superamigos (abaixo)

Se existe um motivo básico para ler esta história, sem sombra de dúvida é a fabulosa arte de Alex Ross. Cada quadro do artista é, literalmente, uma pintura, que impressiona por sua aparência realística, apesar da caracterização clássica dos personagens (não é mistério para ninguém que Alex Ross é um entusiasta do estilo clássico da Era de Prata dos quadrinhos). Somente ele para desenhar um Superman ultrarrealista vestindo seu famoso uniforme azul, amarelo e vermelho, e com a cueca por cima da calça! E o que dizer das splash pages mostrando, nos mínimos detalhes, épicas cenas de batalha entre diversos heróis e vilões da DC: um verdadeiro prato cheio para os fãs de histórias de super heróis em sua forma mais clássica! No entanto, seria injusto atribuir todo o crédito da arte apenas a Alex Ross, já que nesta nesta Graphic Novel em particular ele colaborou com o desenhista britânico Doug Braithwaite, o qual forneceu os esboços a lápis sobre os quais Ross pintou. Felizmente, o estilo do traço de Braithwaite é bastante parecido com o de Alex Ross, de modo que o resultado foi um verdadeiro amálgama da arte de ambos.

Superman, por Alex Ross

Mas não é só por causa da belíssima arte que vale a pena ler Justiça: o roteiro de Jim Krueger também tem seus méritos. A premissa básica de Justiça é bastante interessante: e se os maiores super vilões do planeta decidissem empregar seus dons, normalmente utilizados em crimes mesquinhos ou em planos de dominação mundial, para resolver os problemas da humanidade? É justamente isto que acontece no primeiro ato de Justiça: motivados por um pesadelo compartilhado, no qual a Liga da Justiça falha em salvar o mundo de um Armagedom nuclear, os vilões decidem se unir e fazer aquilo que os maiores heróis do planeta não se dispuseram a fazer até então: curar doenças, resolver o problema da fome, transformar desertos em florestas, enfim, melhorar a vida dos humanos comuns. A grande questão é: será que todos estes atos são genuinamente altruístas, ou há algum plano maligno por trás de tudo? Pois, ao mesmo tempo em que anunciam seu plano de salvação para o planeta, os vilões lançam um ataque orquestrado e avassalador contra a Liga da Justiça, inutilizando seus membros mais poderosos.

Ataque à Mulher Maravilha

Um ponto negativo do enredo de Justiça é justamente o fato de o conceito principal da trama não ser desenvolvido ao longo da história, que embarca em uma linha mais voltada para o embate clássico entre heróis e vilões. Além disso, falta coragem quando nenhum dos heróis derrubados sofre qualquer dano permanente, mesmo o Aquaman, que tem um pedaço do cérebro cirurgicamente removido por Brainiac. Mesmo a questão das identidades civis dos membros da Liga da Justiça, descobertas durante o ataque da Legião do Mal, é resolvida de maneira simples e rápida, para que, ao final, o status quo dos heróis continue o mesmo de antes. Ao final de Justiça, absolutamente nada muda para os heróis, a não ser o conhecimento de que eles não são, afinal, invencíveis. Mas esta é, por si só, a essência da Era de Prata: de que, apesar de tudo parecer que irá dar errado no começo, os verdadeiros heróis encontrarão as forças para dar a volta por cima e fazer com que tudo volte ao normal.

A conclusão da história é nada menos do que épica, e faz jus ao título que Alex Ross originalmente usaria: Vs (Versus). É herói contra vilão, ou melhor, em alguns casos, chega a ser herói contra herói, já que os vilões voltam os pupilos dos membros da Liga da Justiça contra seus antigos mentores. Numa batalha que toma grande parte das três últimas edições, vários heróis da DC Comics tomam parte do conflito: além da Liga e dos Jovens Titãs, temos a Patrulha do Destino, os Homens Metálicos e a Família Marvel (não, não estou falando dos Vingadores!). Sendo esta uma história com o dedo de Alex Ross, um personagem que ganha bastante destaque é o Capitão Marvel, que tem diversas cenas excelentes ao lado do Superman.

O Capitão Marvel

Apesar do grande número de personagens, o roteirista soube onde colocar cada um deles e empregar seus poderes com bastante eficiência, até mesmo personagens secundários como o Homem Elástico ou os Homens Metálicos. E por falar nos coloridos robôs do Dr. Magnus, não se pode concluir uma resenha de Justiça sem falar nas controversas armaduras usadas pelos heróis da Liga da Justiça no confronto final com a Legião do Mal. Alex Ross nunca escondeu que o preço para publicar Justiça foi criar uma linha de personagens que a DC pudesse utilizar para vender bonecos. Esta não foi a primeira vez que uma editora fez isso, tampouco a última; contudo, Krueger insere a necessidade das armaduras de forma bem natural e coerente em seu roteiro, de modo que o novo visual não causa nenhum problema à história em si, a não ser por ter tirado o glamour das cenas finais, que teriam sido muito melhores com os heróis em seus trajes clássicos.

A Liga da Justiça com suas Armaduras

Não ouso dizer que Justiça seja um clássico, um divisor de águas para o gênero, uma obra-prima dos quadrinhos; porém ela é uma excelente pedida para quem gosta de uma boa história de super heróis, repleta de ação, planos mirabolantes, reviravoltas e dezenas dos personagens mais clássicos da Editora das Lendas lutando entre si, tudo isso retratado com uma arte soberba. Justiça é uma homenagem a uma era dos quadrinhos em que as coisas eram mais simples e ingenuamente otimistas, quando os enredos ainda não haviam sido contaminados pelo cinismo da década de 80. Enfim, Justiça é uma carta de amor escrita e desenhada por um grande fã para outros fãs.

E se o amigo leitor estiver se perguntando como fazer para ler esta HQ, existem algumas opções: a primeira é ler as edições individuais que foram publicadas pela Panini na época do lançamento, e que com sorte podem ser encontradas no Mercado Livre; a segunda, e mais indicada, é adquirir a Edição Definitiva lançada por esta mesma editora no Brasil, uma versão de luxo lindíssima publicada em tamanho grande, maior que o formato americano (mais comumente utilizado pela Panini). O problema desta edição é que, assim como todas as edições definitivas publicadas pela Panini, ela se esgota muito rápido nos sites de venda, então não é nada fácil encontrá-la à venda. Mas não perca a esperança: por último há a versão da Eaglemoss, que saiu na coleção de Graphic Novels da DC da editora inglesa nos números #27 e #28, e que podem ser encontrados facilmente no site da editora. Boa leitura!

Capa da Edição Definitiva de Justiça

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

RESENHA | Lendas


Superman, Batman, Mulher Maravilha, Flash... não é à toa que a DC Comics é conhecida como a editora das Lendas: seus personagens estão por aí há mais de 75 anos, povoando o imaginário popular, e fizeram parte da infância de milhões de pessoas mundo afora. Além dos quadrinhos, eles estão nos desenhos animados, nos filmes, nas figuras de ação, colecionáveis, mochilas e camisetas. É este conceito de "lenda" que os roteiristas John Ostrander e Len Wein utilizam na minissérie Lendas, primeiro grande crossover com os heróis da DC após a Crise nas Infinitas Terras, e publicada nos EUA de novembro de 1986 a abril de 1987. A poeira ainda estava baixando após o grande reboot que redefiniu a origem das maiores heróis da DC, e agora era preciso forjar novas lendas e estabelecer as já existentes, dentre as quais a principal equipe de super heróis da editora: a Liga da Justiça. A arte de Lendas ficou a cargo do talentosíssimo John Byrne, famoso roteirista/desenhista por trás de uma das melhores fases dos X-Men nos quadrinhos e por ter reformulado a origem do Superman. 

Como vilão para este arco foi escolhido Darkseid, que é talvez o vilão mais imponente da DC Comics. Desta vez os planos do soberano de Apokolips não incluem uma invasão em larga escala ao planeta Terra; seu estratagema é muito mais sutil: ele pretende destruir a imagem dos super heróis, fazendo com que eles sejam odiados pela população que um dia juraram proteger. Para este intento, ele envia para a Terra seu servo Glorioso Godfrey, o qual, disfarçado de líder fanático, incita a população através de discursos inflamados na TV contra os heróis fantasiados, e influenciando o presidente dos EUA a promulgar um ato institucional proibindo os vigilantes mascarados. 

Darseid Dialoga com o Vingador Fantasma

Ao contrário de outras HQs publicadas na época (Watchmen, O Cavaleiro das Trevas), Lendas possui um tom mais otimista e esperançoso, tentando resgatar o verdadeiro ideal super heroico. Em alguns momentos o roteiro chega até a soar um pouco ingênio - principalmente no final, quando os heróis são salvos pelas crianças, os únicos a ainda acreditarem nos super heróis. Não há muito espaço para desenvolvimento de personagens: tirando o esquentadinho Guy Gardner - que faz as vezes de Lanterna Verde oficial da Terra na ausência de Hal Jordan -, todos os demais super heróis são extremamente nobres e honrados, não ostentando nenhum defeito que os aproximem dos meros mortais. 

O Esquadrão Suicida

Como já foi mencionado anteriormente, Lendas não só estabeleceu alguns ícones da editora, como também produziu novas lendas para a posteridade. Uma delas foi o surgimento da Força-Tarefa X, também conhecida como Esquadrão Suicida. O grupo original era composto pelo coronel Rick Flag, o Pistoleiro, Magia, Capitão Bumerangue, Tigre de Bronze e Arrasa-Quarteirão, e respondia diretamente a Amanda Waller, que fez sua estreia nas páginas de Lendas. Desde então ela já era uma das mulheres mais badass dos quadrinhos; apesar de não possuir nenhum superpoder, apenas com seu gênio forte e métodos nem um pouco ortodoxos ela consegue dominar os mais perigosos supervilões da editora, e superar todo tipo de preconceito, tanto por ser uma mulher em posição de autoridade como por ser negra.

Primeira Aparição de Amanda Waller

Apesar de não ser a HQ de origem da Liga da Justiça - nas páginas de Lendas a equipe já existia, com a antiga formação do período pré-Crise (Caçador de Marte, Nuclear, Vibro, Cigana, Homem Elástico, Gládio e Vixen) -, Lendas foi responsável por revitalizar a Liga ao introduzir uma nova formação para o famoso supergrupo, novamente com personagens mais clássicos. Outros heróis, que não ocupavam uma posição de destaque havia muitos anos, também foram introduzidos na equipe, como o Capitão Marvel (atualmente Shazam), o Senhor Destino (responsável por juntar os heróis) e o Bezouro Azul (herói da extinta Charlton Comics).

A minissérie Lendas foi publicada pela Panini Comics na série Grandes Clássicos DC e mais recentemente na excelente coleção Lendas do Universo DC - Darkseid. Esta segunda edição está bastante caprichada, embora seja de capa cartão e papel off-set, é uma edição muito bonita e compensa bastante pelo preço. Boa leitura!

Capa de Lendas do Universo DC - Darkseid

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

RESENHA | Watchmen



Como seria o nosso mundo se os super heróis existissem de verdade? O que a presença de um ser dotado de poderes verdadeiramente autênticos e ilimitados representaria para o equilíbrio de poder entre as nações? Como o vigilantismo seria encarado pela população das grandes cidades? Que tipo de pessoa se arriscaria a sair todas as noites para lutar contra criminosos vestindo uma fantasia? Na aclamada Graphic Novel Watchmen, publicada entre setembro de 1986 e agosto de 1987 pela DC Comics, Alan Moore e Dave Gibbons se propõem a responder a essas e outras perguntas, num enredo cínico e pessimista que parodia o gênero dos super heróis e desconstrói diversos conceitos sobre o quais ele se estabeleceu desde os anos 1940.

Inicialmente Alan Moore pretendia utilizar os heróis da Charlton Comics, cujos personagens haviam sido incorporados pela DC Comics após sua falência, porém a editora tinha outros planos para o Capitão Átomo, o Besouro Azul e o Questão, de modo que Alan Moore e Dave Gibbons tiveram que conceber personagens totalmente novos para povoar o universo de Watchmen. Tanto melhor. O mundo em que esta história se passa também era completamente independente da continuidade regular da editora, o que deu bastante liberdade para Alan Moore contar sua história sem se preocupar com possíveis repercussões na continuidade do Universo DC. Apesar de muito parecido com o nosso, o mundo de Watchmen possuía algumas diferenças cruciais, provocadas pela presença dos heróis fantasiados. Por exemplo, graças ao Dr. Manhattan os EUA venceram a Guerra do Vietnã e Richard Nixon permaneceu como presidente até os anos 1980.

Moore estabeleceu uma mitologia própria para os super heróis que povoavam aquele universo, estabelecendo que existiram duas gerações distintas de heróis: a primeira, nascida nos anos 1940, marcou a alvorada dos "aventureiros mascarados", os quais mais tarde de juntaram e formaram os "Homens-Minuto"; já a segunda geração surgiu durante a década de 60, em meio a todas as grandes mudanças sociais pelas quais os EUA estavam passando, e acabou sendo forçada a se aposentar após a sanção de uma lei que tornava ilegais os vigilantes. No entanto, alguns desses heróis continuaram na ativa, como o Comediante e o Dr. Manhattan, que trabalhavam para o governo, e o psicótico Rorschach, que mesmo procurado pela polícia continuou em sua cruzada contra o crime.

Os Minute-Man (acima) e os Combatentes
do Crime (abaixo)

A trama principal de Watchmen começa com o assassinato do herói conhecido como Comediante, embora "herói" não seja o termo mais adequado para definir uma figura tão polêmica como Edward "Eddie" Blake. Conhecido por um cinismo constante com relação à sociedade e uma postura quase sempre violenta, ele não possui muitos amigos, e apenas o vigilante Rorschach se interessa em conduzir uma investigação sobre sua morte. Esta investigação o arrasta para dentro de uma conspiração política que planeja destruir o mundo em um holocausto nuclear provocado pela guerra entre os EUA e a URSS, mas para que este plano tenha sucesso, a ameaça dos heróis remanescentes precisa ser removida, principalmente o todo-poderoso Dr. Manhattan, que é manipulado psicologicamente para deixar a Terra e abrir caminho para a escalada armamentista russa. Além de Rorschach, outros dois heróis aposentados são forçados a voltar à ativa: Coruja e Espectral. Ambos haviam pendurado os uniformes por vontade própria, o primeiro por considerar que seu período como vigilante não passou de uma fantasia ridícula de adolescente que se prolongou até a vida adulta, e a segunda como uma forma de se recusar a seguir o caminho imposto pela mãe, a primeira Espectral. 

Apesar do excelente roteiro, o que mais chama a atenção em Watchmen é sua narrativa gráfica. A HQ é um verdadeiro laboratório onde Alan Moore e Dave Gibbons experimentaram diversas técnicas narrativas de vanguarda, como metalinguagem, fractais, simbolismos e conceitos filosóficos. Texto e desenhos de conversam entre si e se complementam em uma narrativa coesa e inteligente. A arte de Dave Gibbons é repleta de detalhes, cada um deles dotado de um significado importante para a trama. Sejam as inúmeras referências ao perfume "Nostalgia" ou à empresa de fechaduras "Gordian Knot", a história é repleta de simbolismos que remetem a ideias centrais para o enredo. Watchmen ainda conta com uma trama paralela, uma espécie de história dentro da história, chamada Contos do Cargueiro Negro, a qual, de início, parece deslocada em sem sentido para a trama principal, mas quando se analisa a conclusão de ambas, percebe-se que na verdade as duas contam a mesma história. 

A estrutura gráfica de Watchmen também e outro aspecto interessante da Graphic Novel. Gibbons utilizou um padrão de nove quadros por página que se repete em todas as edições, com pequenas variações para permitir quadros maiores. Na edição #5, intitulada Terrível Simetria, em apologia a Rorschach, vemos a aplicação deste padrão levada ao extremo. Se o leitor prestar bastante atenção perceberá que a disposição dos quadros da primeira metade desta edição é "refletida" na segunda metade, formando um impressionante padrão simétrico. O exato centro deste padrão ocorre entre as páginas 14 e 15, e a partir daí, a página 16 reflete a página 13, a 17 a 12 e daí por diante. Imagine a dificuldade para se executar tamanha tarefa, e ainda por cima com todas as limitações de prazo impostas pela editora!

A "Terrível Simetria" 

A conclusão de Watchmen é arrebatadora, e, apesar disso, agridoce. O mundo é salvo, porém ao custo da consciência dos heróis, que precisam esconder a terrível verdade por trás da conspiração do "matador de mascarados" para que a paz seja mantida. Não é um final fácil de ser digerido, porém é o único possível, um verdadeiro cheque-mate de roteiro.

Nem preciso dizer que Wachmen é uma HQ obrigatória para os verdadeiros fãs de quadrinhos. Ela é uma obra para se ler e reler diversas vezes, e a cada leitura pode-se descobrir um novo detalhe ou se maravilhar com a imponência de uma história que, apesar de ter sido produzida há mais de 30 anos, continua atual. Ela marcou a alvorada das HQ's voltadas para o público adulto, redefinindo o gênero das histórias em quadrinhos de super heróis ao abordar temas como política, sexualidade e violência, raramente vistos juntos em uma história de banda desenhada americana até então. 

Watchmen já foi adaptada para o cinema em 2009 no longa dirigido por Zack Snyder, e recentemente foi noticiado que ela será adaptada em uma série de TV produzida pela HBO. A própria DC Comics decidiu dar continuidade à história concebida por Alan Moore, incorporando-a ao seu universo regular com a vindoura saga Doomsday Clock. Mas nada disso se compara a ler o material original - aqui no Brasil esta história já foi publicada e republicada diversas vezes, e se eu pudesse indicar uma edição que eu considero perfeita, seria a Edição Definitiva da Panini Comics, a qual conta ainda com dezenas de páginas extras, incluindo as concepções iniciais de Alan Moore para os personagens da Charlton. Boa leitura!

Capa de Edição Definitiva de Watchmen

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

RESENHA | John Constantine, Hellblazer - Infernal Volume 2: Sangue Real


Quem acompanha a revista Hellblazer desde a fase capitaneada por Jamie Delano até as primeiras edições da fase Garth Ennis já percebeu que a vida de John Constantine não é um mar de rosas; na verdade, dizer isto seria até generosidade demais: a verdade é que a vida de John Constantine é uma m&rd@! Todos aqueles que se consideram seus amigos acabam morrendo, as mulheres que ele namora ou encontram o mesmo fim ou o abandonam, e toda vez que ele pensa que vai sossegar e viver o resto de sua vida em paz, alguma assombração, demônio ou entidade sobrenatural aparece para virar sua vida de ponta cabeça. Mas agora as coisas parecem finalmente estar se acertando. Ele se livrou de um câncer de pulmão, colocou o Primeiro dos Caídos em cheque-mate e de quebra ganhou o coração da bela irlandesa Kit Ryan. Pelo menos por algumas edições, Constantine está feliz.

Na trama principal deste encadernado - o segundo volume da coleção da Panini Comics que compila toda a fase de Garth Ennis à frente da revista Hellbalzer - um importante membro da família real britânica é possuído por um demônio chamado Calibraxis, e começa a assassinar pessoas aleatoriamente e de forma brutal. Por razões legais óbvias, em nenhum momento o nome do personagem é revelado, mas pelas pistas deixadas pelo autor trata-se do príncipe Charles. Para quem não vive no Reino Unido ou não é fã de carteirinha da prole da Rainha Elisabeth II, fica meio difícil pescar as referências, porém com um pouco de pesquisa dá para entender algumas coisas (segue aqui um pequeno guia da realeza londrina). Constantine é então chamado para resolver o caso e salvar a imagem do distinto príncipe, mas é claro que ele irá resolver tudo nos seus termos.

O Príncipe Possuído

Durante a investigação, Constantine acaba descobrindo uma informação chocante: o demônio que possuiu o príncipe é o mesmo que, um século atrás, deixou um rastro de sangue pela velha Londres ao possuir o corpo do assassino conhecido como Jack, o Estripador. A maioria das críticas na Internet sobre esta história a colocam em um patamar inferior aos outros arcos de Garth Ennis, e o principal motivo foi o autor dar uma versão simplista para a história do assassino serial mais famoso do mundo, principalmente se comparada à obra consagrada de Allan Moore sobre o tema, Do Inferno. Em primeiro lugar, é até covardia querer comparar uma história de Garth Ennis com um enredo escrito pelo mago dos quadrinhos, já que o estilo de ambos é muito diferente. Em segundo lugar, a referência a Jack, o Estripador é feita apenas para fisgar a atenção do leitor e nada mais; não tem nenhuma importância real para a trama, e se fosse omitida da história faria muito pouca diferença no resultado final. O único objetivo de Sangue Real é achincalhar com os governantes do Reino Unido, e por meio disso fazer uma crítica social. Isto o irlandês faz muito bem.

Deixando de lado as polêmicas, esta não é a melhor história de Garth Ennis, mas também não é a pior. Seu enredo é mediano, a conclusão do arco segue a mesma linha das histórias do maior mago e vigarista do mundo, com ele resolvendo o caso utilizando mais astúcia do que magia propriamente dita. Já a explicação das circunstâncias da possessão do príncipe e as motivações do verdadeiro vilão da história deixaram um pouco a desejar.

Esta obra possui alguns marcos dignos de nota. Foi nela que Constantine e Kit Ryan começaram a morar juntos, sob a condição de que J. C. não a envolveria em seus problemas místicos (alguém aqui ainda acha que isso não vai acontecer?). O personagem Nigel Archer, um jornalista revolucionário de esquerda com poderes sobrenaturais e que constantemente se envolve nas tramas de Constantine, é introduzido neste arco. E na edição #52 o ilustrador Glenn Fabry fez a sua estreia desenhando as capas de Hellblazer, numa relação que perdurou por dezenas de edições.

Capa da Edição #52, por Glenn Fabry

Se a trama principal não agrada a todos os gostos, uma coisa é incontestável: é nas histórias curtas que este encadernado realmente brilha. Logo na primeira edição somos apresentados ao "Senhor da Dança", o espírito (irlandês, é claro) da farra. Ele está deprimido porque acredita que desde a chegada do cristianismo os homens pararam comemorar sua data (por acaso, o Natal) como antes, em meio a banquetes, danças, surubas, etc, mas Constantine mostra para ele que nem tudo está perdido, e que o espírito irlandês ainda está muito vivo em alguns lugares. Foi nesta edição que o desenhista Steve Dillon fez sua estreia em Hellblazer.

A edição seguinte é talvez a melhor deste volume. Nela somos apresentados ao Rei dos Vampiros, que pretende transformar Constantine num bebedor de sangue. Ela é a melhor história deste encadernado simplesmente pela sua conclusão, bem a la Constantine, que pode ser comparada à conclusão do arco Hábitos Perigosos, já que ele derrota o Rei dos Vampiros utilizando toda sua malandragem e astúcia, escapando ileso de ser devorado vivo por um bando de mortos-vivos. E possível notar que Garth Ennis faz algumas referências à Brigada dos Encapotados, um grupo de magos e ocultistas que se reune pela primeira vez na HQ Os Livros da Magia, escrita por Neil Gayman em 1991.

A terceira e última edição curta é Conte até 10, uma espécie de horror psicológico protagonizado por Constantine, e que se passa dentro de uma lavanderia à noite. Esta edição foi escrita por um tal de John Smith, um pseudônimo bastante comum utilizado por escritores ingleses que não querem ser reconhecidos em determinada obra, e se passa em um período não definido da cronologia do anti-herói. Em suma, é uma história tapa buraco.

John Constantine, Hellblazer -  Infernal Volume 2 reúne as edições #49 a #55 da revista Hellblazer, publicadas nos EUA em 1992, em um encadernado com capa cartão e papel  LWC, com roteiros de Garth Ennis e John Smith, e desenhos de William Simpson, Sean Philips e Steve Dillon.

Espero que tenham gostado desta resenha. Para acessar minhas análises dos outros volumes, clique aqui. Boa leitura! 

Capa de Hellblazer - Infernal Vol. 2

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

RESENHA | Os Supremos - Volume 1


A chegada do ano 2000 encontrou o mercado de quadrinhos em crise, devido às quedas sucessivas de vendas registradas nos anos anteriores, e a editora que mais sofreu com esta crise foi a Marvel Comics, que no final da década de 90 encontrava-se a beira da falência. Os motivos dessa crise foram vários: os leitores da época simplesmente se cansaram das imensas e complicadas sagas que dominavam as publicações dos anos 90 (como estamos falando da Marvel, cito como único exemplo a Saga do Clone do Homem Aranha), a ideia de personagens coloridos e com nomes espalhafatosos já não era mais tão atrativa, os roteiristas sofriam da falta de ideias originais, e imaginavam que apenas violência exagerada associada a traços absurdos seriam o suficiente para prender os leitores. Somando-se a estes fatores uma enorme bagagem cronológica que era necessário absorver para entender tudo que estava acontecendo com a miríade de super heróis que vovoavam as HQ's, chegou-se à fórmula perfeita para uma debandada de leitores para outras mídias. No meu caso, na época com 11-12 anos, os filmes das franquias Harry Potter e O Senhor dos Anéis, e animes como Dragon Ball Z eram muito mais interessantes do que quadrinhos.

Era consenso na Casa das Ideias que a solução para este problema passava por uma "volta às origens" de seus principais personagens, porém um reboot como o que a DC empreendera no final da década de 80 com a Crise nas Infinitas Terras estava fora de questão: um evento desta magnitude na Marvel poderia trazer mais problemas do que soluções; além disso, a própria Marvel já havia tentado algo parecido com o crossover Heróis Renascem, que se tornara um verdadeiro desastre e só piorara a situação da editora. Foi então que o advogado Bill Jemas propôs a criação de um novo selo, que mostraria os principais personagens da Marvel nos seus primeiros anos, mas com as histórias contextualizadas para o início do ano 2000. Esta foi a gênese do Universo Ultimate, que nasceu com a publicação de Homem Aranha Ultimate, escrita pelo então novato Brian Michael Bendis. Depois do Teioso, os X-Men também receberam uma versão Ultimate, mas ainda faltava entrar neste bolo os Heróis Mais Poderosos da Terra. Para escrever e desenhar a versão Ultimate dos Vingadores foram convocados Mark Millar e Bryan Hitch, que acabavam de encerrar sua passagem pela HQ Authority, da Wildstorm, e o que eles fizeram... bem, eles simplesmente presentearam os fãs de quadrinhos com uma das melhores obras da década de 2000!

Os Supremos

A tarefa de contar a história do primeiro encontro dos Vingadores não era nada fácil. Como juntar um grupo de heróis tão diferentes entre si em uma narrativa coerente e convincente, capaz de agradar aos exigentes leitores do Novo Milênio? Mark Millar manteve alguns dos elementos mais clássicos da história dos Vingadores, como o Capitão América ter permanecido congelado desde a 2ª Guerra Mundial, porém todo o resto foi alterado, e a organização de espionagem S.H.I.E.L.D. teve um papel central na reunião dos heróis, em especial Nick Fury, que no Universo Ultimate teve sua etnia alterada para se parecer com o ator Samuel L. Jackson (sim, o ator já estava escalado para viver o diretor da S.H.I.E.L.D. antes mesmo que o Universo Marvel nos Cinemas fosse criado!). Fury reúne os Vingadores, que aqui recebem o nome nada modesto de Os Supremos, como uma carta na manga dos governo dos EUA contra ameaças que as forças armadas comuns não fossem capaz de lidar (mutantes, seres humanos aprimorados, alienígenas, etc.). Millar aproveita o contexto histórico da época - as intervenções militares dos EUA no Oriente Médio após os atentados de 11 de Setembro - para introduzir a ideia das "pessoas de destruição em massa", uma nova modalidade de arma utilizada pelo Tio Sam para intimidar seus inimigos, e o autor não poupa críticas à política de guerra implementada por George W. Bush. 

Outro aspecto marcante do roteiro de Mark Millar são seus personagens. Uma das grandes diferenças entre os heróis da Marvel e da DC é que, enquanto na editora das Lendas seus heróis são quase deuses, fazem tudo certo e praticamente não têm defeitos, os heróis da Marvel são mais humanos, passam pelos mesmos problemas e dificuldades que as pessoas comuns, entretanto, mesmo para os padrões da Marvel os Supremos são humanizados ao extremo. O Capitão América é um homem de 80 anos preso no corpo de um jovem de 30, ultraconservador e que resolve aquilo que acha errado com os punhos; o Gigante e a Vespa possuem problemas sérios de relacionamento (uma das cenas mais polêmicas da HQ foi protagonizada pelo casal); o Hulk é um monstro no sentido mais literal, perverso, depravado e assassino; e Tony Stark... este continua sendo um bêbado, mas um bêbado divertido. Apesar das mudanças citadas, estes personagens mantiveram a essência de suas contrapartes do universo regular, o que não se pode falar do Thor. O Deus do Trovão foi o que sofreu alterações mais profundas em Os Supremos. Em nenhum momento da história fica claro se ele é de fato um deus ou apenas um hippie maluco com superpoderes (esta questão só seria respondida no segundo volume). Pelo menos ele continua sendo um dos personagens mais badass do supergrupo. 

O Hulk

A arte de Bryan Hitch é simplesmente sensacional, e casa perfeitamente com o roteiro de Mark Millar. Seus desenhos são bastante detalhistas, suas cenas de ação são nada menos que cinematográficas. Ele manda muito bem nas expressões faciais dos personagens que desenha, conseguindo transparecer os sentimentos de cada um, o que é muito bom para uma história que carece dos chamados balões de pensamento. Muitos personagens retratados na trama são baseados em pessoas reais, já que ele utilizou muitas fotografias para desenhar. O artista também pesquisou muito para que tudo soasse extremamente real, principalmente nas cenas que se passavam no período da 2ª Guerra. 

Não considero que Os Supremos tenham revolucionado o gênero das histórias de equipes de super heróis (esta HQ não faz nada que Watchmen ou The Authority não tenham feito: humanizar personagens, desconstruir o conceito do herói perfeito, mostrar os heróis sendo autoritários e violentos, etc.), mas foi uma HQ que elevou os principais heróis da Marvel a um novo patamar, e deixou um importante legado. O principal foi ter sido a semente para o Universo Cinematográfico da Marvel. Se você ler esta HQ e compará-la com o filme Os Vingadores, de 2012, perceberá que os roteiristas praticamente adaptaram o primeiro volume de Os Supremos no primeiro filme da franquia. E o motivo disso é bastante simples: o roteiro de Mark Millar é realista ao ponto de consideramos possível a existência de um grupo assim, mas também espalhafatoso como qualquer história de super-heróis.

Os Supremos - Volume 1 foi concebido como uma minissérie em 13 edições, e saiu na coleção de Graphic Novels de capa preta da Salvat em duas edições que compilaram os dois arcos da trama. Se você é um apenas um leitor que vai consumir esta história, se divertir com ela e depois seguir em frente, a coleção da Salvat está de bom tamanho. Mas se você for, além de leitor de quadrinhos, um colecionador exigente, que se preocupa com a qualidade e o acabamento do material, aí eu recomendo a Edição Definitiva da Panini, que está belíssima (e dependendo da promoção que você pegar sai até mais barato comprar a Edição Definitiva do que os dois volumes da Salvat).Seja qual for a sua escolha, saiba que terá em mãos uma HQ de qualidade, daqueles poucos tipos em que roteiro e arte se combinam para produzir uma verdadeira obra de arte. Boa leitura!

Capa da Edição Definitiva de Os Supremos Vol. 1

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

RESENHA | Homem de Ferro: Extremis


Apesar do Homem de Ferro ser um dos heróis mais famosos da atualidade, graças, em grande parte, à brilhante atuação de Robert Downley Jr. no papel de Tony Stark nos filmes da Marvel, o personagem possui poucas histórias em quadrinhos solo realmente boas, o que não é de espantar já que, até meados da década de 2000, ele era um herói do segundo escalão da Casa das Ideias, conhecido apenas pelo público consumidor de quadrinhos. No entanto, esta condição começou a mudar após o reboot que o Universo Marvel dos quadrinhos sofreu durante a controversa saga Vingadores: A Queda, após a qual todos os principais títulos da editora foram zerados. Extremis foi o primeiro arco da nova fase da revista The Invencible Iron Man (Vol. 4), e durou seis edições que foram publicadas entre os anos de 2006 e 2007. Escrita por Warren Ellis e desenhada pelo bósnio Adi Granov, esta saga teve como objetivo reformular o Homem de Ferro para uma nova geração de leitores, e serviu como principal fonte de inspiração para o roteiro do filme Homem de Ferro, de 2008, que tornou o Vingador Dourado um dos ícones da cultura geek.

A história se inicia quando um cientista da empresa Futurepharm contrabandeia um soro experimental para um grupo terrorista de extrema direita (será coincidência que o soro seja chamado de Extremis?), como forma de testar o experimento em uma cobaia humana. Esta substância, meio biológica meio eletrônica, foi criada com o intuito de emular as características do soro do supersoldado do Capitão América, e tem a capacidade de reescrever a "planta" do corpo humano que existe dentro do cérebro, substituindo-a por uma totalmente nova e aprimorada. Uma das cientistas-chefe deste projeto, a Drª Maya Hansen, antiga colega de Tony Stark, resolve pedir a sua ajuda para solucionar este problema de segurança, fazendo com que o Homem de Ferro entre em rota de colisão com os terroristas.

A Armadura do Homem de Ferro

O roteiro de Warren Ellis é simples, porém eficaz em sua proposta de estabelecer um novo status quo para o Homem de Ferro. Ao mesmo tempo em que ele revisa a origem do herói, trazendo-a para um contexto mais atual, o roteirista britânico rompe com o antigo paradigma de que homem e máquina são entidades separadas, ou seja, de que a armadura do Homem de Ferro era apenas uma ferramenta utilizada pelo ser humano que a vestia. De maneira ousada, Warren Ellis elimina este abismo que separava o homem da máquina, fundindo-os em um novo ser humano aprimorado. E o mais interessante é que, ao fazer isso, ele traça um paralelo com a primeira origem do herói: na história de 1963, o fabricante de armas Tony Stark é atingido por estilhaços após a detonação de uma de suas próprias bombas, e para sobreviver ele desenvolve uma armadura que lhe permite ficar vivo; agora, Tony é novamente ferido, desta vez em um combate com o terrorista aprimorado pelo Extremis, e, com a ajuda da Drª Maya, ele utiliza o próprio Extremis para armazenar os circuitos de controle da armadura do Homem de Ferro dentro de seus próprios ossos. De bônus, ele ganha o poder de se comunicar com artefatos eletrônicos com a própria mente. Muita gente torceu o nariz para esta mudança, alegando que Warren Ellis teria ido longe demais ao transformar o Homem de Ferro em um ser humano aprimorado, porém na minha opinião este foi um caminho natural para um personagem cujos poderes dependem de tecnologia em plena era da revolução tecnológica.

Armadura Original do Homem de Ferro

Outra característica positiva do enredo de Extremis são os diálogos entre os personagens. Em diversas ocasiões, Warren Ellis suscita o debate sobre o aspecto moral e ético do financiamento militar de descobertas tecnológicas e suas consequências na consciência do protagonista. Duas das cenas mais marcantes desta HQ são a entrevista de Tony Stark a um repórter de documentário e ativista de direitos humanos, que atribui a Stark a responsabilidade pelas mortes de inocentes causadas pelas armas comercializadas por sua empresa, e o diálogo entre Tony e Maya com seu antigo mentor, "Sal" Kennedy, um cientista excêntrico dado ao consumo de cogumelos psicotrópicos e crítico radical de cientistas que vendem sua ética em troca de financiamento para suas pesquisas, ainda que por objetivos nobres. Esta dicotomia presente no caráter de Tony Stark também é aproveitada no roteiro do filme de 2008, e um dos principais fatores motivadores para a construção da armadura do Homem de Ferro, como uma forma do herói compensar as mortes que causou.

A arte de Adi Granov é exuberante em todo o seu realismo. Não poderia haver um ilustrador melhor para uma história do Homem de Ferro. Seu traço e suas cores conferem uma solidez impressionante às armaduras de Tony Stark, e o design das armaduras do Homem de Ferro desenhadas por ele é um dos mais bonitos que já vi até hoje - moderno, mas sem abrir de mão das características clássicas. As cenas de ação também são muito bem trabalhadas, e, embora a violência exacerbada, tão comum aos roteiros de Warren Ellis, esteja presente em seus quadros, é claramente atenuada para adequar a obra à faixa etária dos principais consumidores, através de um uso inteligente de sombras e da mudança na cor do sangue, por exemplo. A arte de Adi Granov chamou a atenção do cineasta John Fraveau, diretor dos dois primeiros filmes do Homem de Ferro, que convidou o desenhista para trabalhar na arte conceitual dos filmes da Marvel.

A Nova Armadura do Homem de Ferro

Um roteiro inteligente e corajoso aliado à uma arte impecável faz de Homem de Ferro: Extremis é uma das melhores histórias do Homem de Ferro, superada talvez apenas por Guerra Civil e O Demônio na Garrafa. Ela é um excelente ponto de partida para os novos leitores que querem conhecer mais sobre a trajetória do personagem nos quadrinhos, mas não têm saco para ler todo o material prévio do herói.

Extremis foi publicada recentemente na coleção de capa preta da Salvat, e também pela Panini Comics na coleção Marvel Deluxe, que reúne as principais sagas da Marvel após A Queda em encadernados com excelente acabamento de luxo, de modo que este material está facilmente acessível. Boa leitura!

Capa da Edição Deluxe de Homem de Ferro: Extremis

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

RESENHA | Batman: O Legado do Demônio


Gotham quase foi destruída por uma praga, se não fosse pela atuação do Cavaleiro das Trevas e seus ajudantes. No entanto, agora é a humanidade que corre perigo de extinção se uma praga ainda pior for liberada. O responsável, ou melhor, os responsáveis por esta nova epidemia são dois dos mais perigosos inimigos do Batman: Ra's al Ghul, líder supremo da organização criminosa internacional chamada Cabeça do Demônio, e Bane, um brutamontes com intelecto de gênio que ostenta o título de ter sido o único a quebrar o Morcego.

O Legado do Demônio foi um crossover publicado nas revistas Batman, Detective Comics, Shadow of the Bat, Catwoman e Robin, no ano de 1996, e foi uma continuação direta do arco Contágio. Como é característica dessas sagas que se espalham por vários títulos, diversos roteiristas e desenhistas colaboraram para esta história, mas neste caso quem mais se destacou foi o roteirista Chuck Dixon. Independentemente da qualidade de seus enredos, é impressionante a quantidade de títulos que ele capitaneou naquela época, todos ligados ao universo do Batman. Dos cinco títulos listados acima, ele esteve à frente de três. Já com relação à arte, nenhum nome desponta, mas isso já era esperado, já que a arte não costumava ser um dos pontos fortes dos quadrinhos publicados durante a década conhecida como a Idade das Trevas dos Quadrinhos. Os desenhos variam de ruim a regular, dependendo do título e do artista envolvido.

A Roda das Pragas

O roteiro, embora não proporcione nenhuma reviravolta impressionante ou traga uma ideia ousada ou revolucionária, cumpre bem sua função, que é divertir o leitor com uma boa história de aventura. A trama gira em torno da missão do Batman e seus dois principais discípulos, Robin e Asa Noturna, de impedir que os asseclas de Ra's al Ghul liberem um vírus mortal em 4 grandes cidades do mundo. O objetivo do vilão continua o mesmo: provocar a morte de grande parte da humanidade afim de tornar a vida no planeta sustentável, e garantir que sua descendência governe os que restarem. Só que desta vez ele escolheu outra pessoa para desposar sua filha Talia: o vilão Bane, que faz sua primeira aparição após o arco A Queda do Morcego.

Os roteiristas tentam resgatar o clima "Indiana Jones" dos primeiros encontros do Batman com Ra's al Ghul, com os espaços enclausurados e chuvosos da grande metrópole sendo substituídos por paisagens mais abertas e quentes dos desertos africanos. Até mesmo a cena do Batman lutando sem camisa (e de capuz!) travando uma batalha de espadas contra seu nêmese é reproduzida novamente na terceira edição do crossover, remetendo ao primeiro confronto entre os adversários lá em Batman #244, de 1972. Mas falta um pouco de bom senso aos roteiristas quando tentam empurrar goela abaixo dos leitores da virada do milênio, muito mais exigentes do que aqueles da década de 70, que uma civilização anterior a dos egípcios seria capaz de criar um dispositivo que manipulasse DNA para criar diversos tipos de vírus.

Bane

Batman: O Legado do Demônio com certeza não é um arco obrigatório nem um grande clássico do Homem Morcego, mas recomendo sua leitura para entender a cronologia de suas publicações. É o típico feijão com arroz do bem contra o mal, sem compromisso com arte ou roteiros inovadores, mas com a vantagem de ver o Batman e sua equipe enfrentarem dois dos vilões formidáveis de sua galeria. Esta história também funciona como a conclusão do arco Contágio, além de ter ganhado uma prequel em 4 edições intitulada Bane do Demônio, na qual Chuck Dixon narra como Bane e Ra's al Ghul se tornaram aliados. Boa leitura!  

Capa de Detective Comics #700

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

RESENHA | Batman: Contágio


O Batman já enfrentou todo tipo de ameaça - assassinos psicopatas, monstros horripilantes, policiais corruptos e organizações criminosas são apenas alguns exemplos da escória com a qual ele tem que lidar todas as noites para proteger seu lar, Gotham City, porém em março de 1996 o Cavaleiro das Trevas se viu diante de um inimigo contra o qual suas habilidades marciais, batarangues e demais aparatos tecnológicos eram completamente ineficazes, um adversário ao mesmo tempo invisível e mortal, que não poderia ser aterrorizado, ameaçado ou persuadido: o vírus Ebola Golfo-A, mais conhecido como o Esmagador. Gotham City foi vítima de uma praga sem precedentes, e o Cruzado Encapuzado precisou de toda ajuda possível para impedir que sua amada cidade se transformasse em um gigantesco cemitério.

Em se tratando de um crossover, tática comercial bastante comum no mundo dos quadrinhos para aumentar os lucros das editoras, a história se desenrola por diversos títulos ligados ao BatverseRobinMulher GatoAzraelDetective ComicsShadow of the Bat e a própria revista Batman. Diversos escritores colaboraram para a construção do enredo, como Alan Grant, Chuck Dixon e Dennis O'Neil. Apesar de original em uma história em quadrinhos, o roteiro de Contágio não apresenta nada de novo, ostentando todos os elementos já bastante manjados de uma trama sobre epidemias: a corrida contra o tempo em busca de uma cura, que provavelmente se encontra no sangue de um paciente imune; o desespero das pessoas cujos entes queridos contraíram o vírus; além de revoltas, saques, secreções, pústulas e muito, muito sangue. Apesar disso, a história não chega a ser necessariamente ruim, e tem lá seus pontos positivos. O que torna Contágio um arco geralmente desprezado pelos fãs é sua arte.

Batman de Kelley Jones

Não bastasse a saga contar com diversos desenhistas, todos eles são ruins! Não tem nenhum que salva! Todos os desenhistas que colaboraram para Contágio estavam contagiados (perdão pelo trocadilho) pelo vírus que se espalhou a partir da Image Comics e que afetou as grandes editoras nos anos 90. Dentre os vários sintomas desse vírus, o principal era o exagero. Tudo, simplesmente tudo era exagerado nos desenhos da época. Músculos, armas, seios, bundas, tudo era anormalmente grande, nem mesmo as "orelhas" do Batman escaparam. Esta época proporcionou os piores visuais para os vários personagens da DC. O velho uniforme cinza e preto do Batman foi substituído por uma versão totalmente preta, mantendo a famosa elipse amarela, remetendo ao filme interpretado por Michael Keaton, de 1989, que trouxe o Batman de volta para os holofotes. Se fosse só isso não ficaria tão ruim, mas deem uma olhada no Batman desenhado por Kelly Jones, na imagem acima. É simplesmente horrível! Ele mais parece uma gárgula do que um vigilante. E não para por aí: temos o Asa Noturna com rabinho de cavalo estilo Steven Seagal, a Mulher Gato vestindo um uniforme branco pavoroso e um Robin que não sabe se é criança, adolescente ou adulto.

Caso o leitor, assim como aquele que vos escreve, decida ignorar a arte e focar apenas no roteiro, encontrará uma história repleta de altos e baixos: o início é bastante promissor, repleto de ação, e focado principalmente em uma improvável aliança entre o Menino-Prodígio e a Mulher Gato para encontrar um homem que talvez tenha a cura para o Esmagador. Entretanto, a história dá uma esfriada no meio, quando o Batman e seus aliados precisam enfrentar uma multidão revoltosa que se volta contra os ricos e abastados de Gotham, os quais se refugiraram em um imenso condomínio de luxo que mais parece uma fortaleza medieval. A história volta a ganhar ritmo perto do fim, quando alguém próximo ao Batman é infectado pelo vírus, e o desespero do Morcego atinge o ponto máximo após todas as suas tentativas de encontrar uma cura falham. A solução para a crise acaba vindo de um aliado improvável: o ex-assassino da Ordem de São Dumas, Azrael (o mesmo que assumira o manto do Morcego no arco A Queda do Morcego). Aliás, é bom que fique registrado que Contágio é mais uma história dos aliados do Batman, que acaba agindo mais como um coadjuvante. Quem rouba a cena são Robin, Mulher Gato e Azrael, este último protagonizando ótimas cenas de ação com suas espadas flamejantes. Também dão o ar da graça Asa Noturna, Oráculo, Caçadora e o assassino de aluguel Hitman.

Azrael

Não considero Batman: Contágio como uma história indispensável do Batman, sendo recomendada apenas para aqueles que se consideram realmente fãs de carteirinha do Cavaleiro das Trevas e querem entender mais sobre sua trajetória. Ainda assim, esta saga teve sua importância, por ter sido precursora de outra megassaga da DC na década de 90, a Terra de Ninguém, que também tem como tema uma catástrofe natural que se abate sobre Gotham City, só que desta vez mais devastadora e mortal. Além disso, Contágio termina com um gancho para a saga Legado do Demônio, que funciona meio que como uma conclusão para a primeira, já que revela quem foi o responsável pela epidemia do Esmagador (é claro que havia um grande vilão do Batman por traz desta ameaça). Para aqueles que se interessaram em ler esta história, ela não foi republicada no Brasil, e, justamente por sua qualidade dúbia, não está no radar da Panini (e nem dos fãs), portanto só é acessível através de importação ou uma cruzada através de sebos e lojas virtuais especializadas. Espero que tenham gostado da minha resenha, e até a próxima. Boa leitura!

Capa da revista Batman #29 

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Filmes Animados do Batman que Todo Fã Deve Assistir!


Embora ultimamente a DC/Warner tenha divido a opinião dos fãs com filmes massacrados pela crítica especializada, há muito tempo que sua divisão de animação tem proporcionado produções de qualidade inquestionável. Sendo o carro-chefe da editora, o Batman é o herói que mais ganhou animações até agora, e eu separei uma lista de 5 filmes animados que todo fã do Cruzado de Capa deve assistir.

5) Batman: Gotham Knight



Esta animação de 2008, produzida em parceria com o Studio 4ºC (o mesmo do filme Animatrix), reúne 6 curtas animados no melhor estilo dos animes japoneses, e seu enredo se passa no mesmo universo dos filmes da trilogia de Christopher Nolan, mais precisamente entre Batman Begins e The Dark Knight. Cada uma das histórias possui um enredo próprio, e foi escrita por um roteirista diferente, assim como o traço do desenho, que varia em cada curta. Embora as histórias não apresentem nada demais, no quesito técnico este é um dos melhores filmes animados do Cavaleiro das Trevas, principalmente devido ao estilo de animação japonês, muito mais dinâmico que o estilo ocidental, e que garantiu que esta produção tivesse um lugar de destaque nesta lista.

4) Batman: The Dark Knight Returns Part 1


Uma das melhores decisões da Warner Bros. Animation foi ter levado para as telinhas a Graphic Novel mais consagrada do Batman: O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller. A adaptação foi dividida em 2 filmes, e o primeiro foi lançado em 2012 direto para DVD. Ele adaptou o primeiro arco da HQ, que mostra um Bruce Wayne cinquentão saindo de sua aposentadoria e voltando a atuar como o Cavaleiro das Trevas. Esta obra é repleta de momentos épicos, como a sequência em que o Batman sai em sua primeira ronda, a reação de um policial mais velho ao ver o antigo vigilante de volta à ação, a loucura do Duas Caras atingindo um novo patamar e, principalmente, a luta do Batman contra o líder da gangue mutante em um lamaçal. "Isto não é uma poça de lama, é uma mesa de operação, e eu sou o cirurgião!"  Apesar da qualidade inigualável do roteiro, a parte técnica da animação deixou um pouco a desejar. Embora não tenha nenhum defeito gritante, a importância desta obra pedia uma produção mais sofisticada. Às vezes se têm a impressão de que os personagens estão se deslocando em uma cidade completamente vazia e estática, e esta é uma característica sistêmica das animações da Warner.

3) Batman: Under The Red Hood


Outra animação que adaptou um arco famoso dos quadrinhos, ou melhor, dois arcos. Nesta produção do talentoso Bruce Timm lançada em 2010, vemos uma versão adaptada da morte do segundo Robin, Jason Todd, pelas mãos do Coringa, e depois o seu retorno do mundo dos mortos como o criminoso e anti-herói Capuz Vermelho. Jason possui uma espécie de moral distorcida, em que ele pretende livrar a cidade do crime ao se tornar o líder absoluto das quadrilhas criminosas, e para isso ele incia uma guerra contra o mafioso Máscara Negra. Em paralelo a estes eventos, ele também busca vingança contra o antigo mentor, pelo fato do Batman não ter vingado sua morte e ter permitido o Coringa viver. 

Esta animação é uma das mais impecáveis tecnicamente, e seu único defeito é o traço usado nos personagens; a versão do Coringa neste filme é uma das mais bizarras já adotadas nas animações da DC. No entanto, este defeito não diminui o resultado final do filme, que só não ocupou a segunda posição porque ela foi ocupada por outra adaptação de uma obra clássica dos quadrinhos...

2) Batman: Ano Um



Adaptação fiel da aclamada HQ escrita por Frank Miller e David Mazuchelli, este filme de 2011 mostra o primeiro ano de Bruce Wayne como Batman, e o início de sua parceira com o então detetive James Gordon. Esta é uma produção de alta qualidade técnica, e um dos melhores filmes da Warner Bros. Animations. Um dos pontos positivos mais importantes sobre esta produção é a fidelidade ao material fonte, até nas partes mais polêmicas, como a Mulher Gato ser retratada como uma prostituta.


1) Batman: The Dark Knight Returns Part 2


O primeiro lugar desta lista não poderia pertencer a outro filme. Os defeitos técnicos da segunda parte de O Cavaleiro das Trevas, já detalhados no item 4, não poderiam ofuscar a qualidade desta história, que tem seu clímax na batalha definitiva entre o Superman e o Batman. Com uma história tão incrível como esta, é impressionante que Zack Snyder tenha conseguido fazer uma cagada como aquela vista em Batman vs Superman! Para alegria dos fãs, ainda temos podemos ver nas telinhas a verdadeira luta entre os dois maiores heróis do mundo, da forma exata como Frank Miller a concebeu. Além disso, este filme ainda mostra o retorno do Coringa, e a derradeira e sangrenta luta entre o Batman e seu maior algoz. Assim como Ano Um, os roteirista foram bastante fiéis ao material fonte, inclusive nas parte mais datadas da história, que são aquelas que fazem referência à Guerra Fria.

Então é isso, p-p-pessoal, espero que tenham gostado da minha lista, e que eu os tenha inspirado a assistir (ou reassistir) a alguns destes filmes, que eu considero indispensáveis para aqueles que são fãs do Homem Morcego. Até mais!

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Batman | A Série Animada


Aproveitando a onda do Batman Day, que neste ano de 2017 tem como objetivo celebrar o 25º aniversário da Arlequina, nada mais justo do que falar sobre a animação que revelou a Princesa do Crime: a série animada do Batman. Depois do filme Batman, do Tim Burton, foi este desenho animado que me atraiu para o fantástico universo do Homem Morcego, antes mesmo de ter lido minha primeira HQ do Batman.

Produzida por Bruce Timm, esta série animada foi ao ar nos EUA entre os anos 1992 e 1995, e fez parte da infância de muitas crianças da década de 90, inclusive a deste que vos escreve. Mas não eram só as crianças que curtiam assistir Batman: The Animated Series: o objetivo deste desenho era alcançar diversas faixas etárias, e para isso assumiu um tom muito mais sombrio do que os desenhos convencionais da época (não estou considerando aqui os animes japoneses).

O Batman 

A série possui um visual único, inspirado principalmente nos filmes de Tim Burton. Gotham City é retratada como uma cidade atemporal, onde se misturam objetos claramente pertencentes à época da produção e outros típicos da década de 40, como carros antigos e dirigíveis, além do vestuário retrô. Outro aspecto interessante é o clima noir sempre presente na produção, no qual se destaca o lado mais detetivesco do herói.

Os fãs dos quadrinhos do Cavaleiro das Trevas também não poderiam se sentir mais representados, pois a série animada adaptou diversos arcos famosos da trajetória do personagem nos quadrinhos, como pode ser visto nos episódios The Demon Quest, Legends of The Dark Knight e The Laughing Fish. Muitos episódios tiveram roteiros escritos por Paul Dini, uma verdadeira lenda dentro da Warner Bros Animations, e que também assina várias histórias em quadrinhos do Batman.

A dublagem da produção também é outro quesito que merece nota, já que, tanto na versão norte-americana, com Kevin Conroy interpretando Bruce Wayne/Batman e Mark Hamill arrasando na voz do Coringa, como na versão dublada para o português, com o Márcio Seixas entregando a voz definitiva do Homem Morcego.

Coringa e Arlequina

Batman TAS foi adaptado para os quadrinhos em uma série própria, e além de render algums filmes, como Batman: A Máscara do Fantasma - que adaptou parte da obra clássica de Frank Miller, Batman: Ano Um - e Batman & Mr. Freeze: Sub Zero, que mostrou a origem do Senhor Frio, retratando-o como um vilão amargurado.

O sucesso desta animação foi tamanho que ela venceu quatro premiações Emmy, sendo a principal delas o Outstanding Animated Program em 1993 pelo episódio Robin's Reckoning Part 1, que mostra parceiro mirim do Batman em uma jornada para se vingar do assassino de seus pais. Este é um dos episódios mais memoráveis da série, justamente pelo tom mais maduro do enredo, e por narrar a origem do primeiro Robin, Dick Grayson.

Robin 

Um dos maiores legados desse desenho é a crianção da Arlequina. Criada despretensiosamente por Paul Dini e Bruce Timm como uma parceira criminosa do Coringa, uma contraparte vilanesca do Robin, ela foi um sucesso instantâneo e não demorou muito para ser transportada para os quadrinhos - num dos raros casos em que um personagem faz o caminho inverso da TV para a nona arte. Atualmente sua fama alcançou enormes proporções graças à sua participação no filme Esquadrão Suicida, interpretada por Margot Robie. Aliás, só para constar, a Arlequina é uma das poucas coisas que salva neste filme horrível. 

Para quem quer conhecer melhor esta personagem, uma ótima pedida é assistir ao episódio Mad Love, que faz parte da The New Batman Adventures Series, e que adaptou a famosa Graphic Novel de Paul Dini que conta como a psiquiatra Harleen Quinzel se apaixonou por seu paciente, o Coringa, e foi completamente corrompida por ele, tornando-se a vilã Arlequina. 

Para terminar esta postagem, vou sugerir 10 episódios, que eu considero os melhores da Série Animada do Batman, para o leitor assistir neste Batman Day:

1) Duas Caras, Partes 1 e 2
A origem do vilão Duas Caras. 

2) A Busca do Demônio, Partes 1 e 2
Batman se une ao misterioso homem chamado Ra's Al Ghul para resgatar o Robin e a bela Tália Al Ghul.

3) Batman Está no Meu Porão
Ferido, o Batman é protegido do Pinguim e seus capangas por duas crianças que sofriam buyling.

4)Identidade Dupla
Arnold Wesker, o Ventríloquo, é liberado do Asilo Arkham, mas seus antigos capangas não irão deixá-lo em paz por muito tempo, e o tentarão a utilizar novamente o boneco Scarface.

5) Uma Bala para Bullock
Batman precisa proteger o rabugento ajudante do Comissário Gordon da vingança de um criminoso.

6) Dor de Crescimento
Robin tenta proteger uma menina de um homem que a persegue, que acaba se revelando o Cara de Barro. Mas qual a verdadeira relação da menina com o monstruoso vilão?

7) Casa e Jardim
A Hera Venenosa aparentemente se regenerou, casou-se e agora cria duas crianças, mas algo parece errado nesta família aparentemente perfeita?

8) Histórias do Cavaleiro da Noite
Alguns jovens contam várias histórias sobre o Batman. Cada uma dessas histórias adapta algum quadrinho famoso do personagem, sendo o principal deles O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller.

9) O Ajuste de Contas do Robin, Partes 1 e 2
Dick Grayson decide se vingar do criminoso que matou seus pais. Este episódio também mostra a origem do Robin (flashback). 

10) A Beira do Abismo
Após uma luta contra o Espantalho, A Batgirl supostamente morre e o Comissário Gordon, ressentido, emprega todos os seus recursos para capturar o Batman, a quem culpa pela morte da filha.

Fique abaixo com o trailer de abertura da série animada, só para aumentar a nostalgia! Feliz Batman Day!