quinta-feira, 5 de outubro de 2017

RESENHA | Batman: O Legado do Demônio


Gotham quase foi destruída por uma praga, se não fosse pela atuação do Cavaleiro das Trevas e seus ajudantes. No entanto, agora é a humanidade que corre perigo de extinção se uma praga ainda pior for liberada. O responsável, ou melhor, os responsáveis por esta nova epidemia são dois dos mais perigosos inimigos do Batman: Ra's al Ghul, líder supremo da organização criminosa internacional chamada Cabeça do Demônio, e Bane, um brutamontes com intelecto de gênio que ostenta o título de ter sido o único a quebrar o Morcego.

O Legado do Demônio foi um crossover publicado nas revistas Batman, Detective Comics, Shadow of the Bat, Catwoman e Robin, no ano de 1996, e foi uma continuação direta do arco Contágio. Como é característica dessas sagas que se espalham por vários títulos, diversos roteiristas e desenhistas colaboraram para esta história, mas neste caso quem mais se destacou foi o roteirista Chuck Dixon. Independentemente da qualidade de seus enredos, é impressionante a quantidade de títulos que ele capitaneou naquela época, todos ligados ao universo do Batman. Dos cinco títulos listados acima, ele esteve à frente de três. Já com relação à arte, nenhum nome desponta, mas isso já era esperado, já que a arte não costumava ser um dos pontos fortes dos quadrinhos publicados durante a década conhecida como a Idade das Trevas dos Quadrinhos. Os desenhos variam de ruim a regular, dependendo do título e do artista envolvido.

A Roda das Pragas

O roteiro, embora não proporcione nenhuma reviravolta impressionante ou traga uma ideia ousada ou revolucionária, cumpre bem sua função, que é divertir o leitor com uma boa história de aventura. A trama gira em torno da missão do Batman e seus dois principais discípulos, Robin e Asa Noturna, de impedir que os asseclas de Ra's al Ghul liberem um vírus mortal em 4 grandes cidades do mundo. O objetivo do vilão continua o mesmo: provocar a morte de grande parte da humanidade afim de tornar a vida no planeta sustentável, e garantir que sua descendência governe os que restarem. Só que desta vez ele escolheu outra pessoa para desposar sua filha Talia: o vilão Bane, que faz sua primeira aparição após o arco A Queda do Morcego.

Os roteiristas tentam resgatar o clima "Indiana Jones" dos primeiros encontros do Batman com Ra's al Ghul, com os espaços enclausurados e chuvosos da grande metrópole sendo substituídos por paisagens mais abertas e quentes dos desertos africanos. Até mesmo a cena do Batman lutando sem camisa (e de capuz!) travando uma batalha de espadas contra seu nêmese é reproduzida novamente na terceira edição do crossover, remetendo ao primeiro confronto entre os adversários lá em Batman #244, de 1972. Mas falta um pouco de bom senso aos roteiristas quando tentam empurrar goela abaixo dos leitores da virada do milênio, muito mais exigentes do que aqueles da década de 70, que uma civilização anterior a dos egípcios seria capaz de criar um dispositivo que manipulasse DNA para criar diversos tipos de vírus.

Bane

Batman: O Legado do Demônio com certeza não é um arco obrigatório nem um grande clássico do Homem Morcego, mas recomendo sua leitura para entender a cronologia de suas publicações. É o típico feijão com arroz do bem contra o mal, sem compromisso com arte ou roteiros inovadores, mas com a vantagem de ver o Batman e sua equipe enfrentarem dois dos vilões formidáveis de sua galeria. Esta história também funciona como a conclusão do arco Contágio, além de ter ganhado uma prequel em 4 edições intitulada Bane do Demônio, na qual Chuck Dixon narra como Bane e Ra's al Ghul se tornaram aliados. Boa leitura!  

Capa de Detective Comics #700

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