Na esteira do sucesso de Logan, o mais novo filme da franquia X-Men que traz a despedida de Hugh Jackman do papel de Wolverine, trago a resenha da HQ que inspirou este longa que tem sido sucesso de público e crítica desde sua estreia. Escrita por Mark Millar - aclamado roteirista responsável por obras como Guerra Civil, Kick-Ass e Superman: Red Son - e desenhada por Steve McNiven, esta história foi publicada pela Marvel Comics entre as edições 66 e 72 da revista Wolverine, além de uma edição em tamanho gigante contendo sua conclusão, nos anos de 2008 e 2009. Aqui no Brasil ela também foi publicada pela Salvat no volume 58 da coleção de Graphic Novels Marvel.
Assim como o filme estrelado por Jackman, o enredo de O Velho Logan se passa num futuro distópico, no qual o "carcaju" é um dos poucos heróis que restaram após os vilões finalmente dominarem o mundo. Mark Millar nos apresenta um Wolverine abalado não apenas fisicamente - devido à idade e ao fator de cura não funcionar mais tão bem quanto antes - mas também psicologicamente, graças a um evento traumático de seu passado que o fez abandonar a carreira de super-herói. Existe uma antiga lenda Cherokee que diz que há dois lobos - um bom e um mal - em eterno conflito dentro de cada pessoa, e que o mais forte será
aquele que mais alimentarmos. Logan então decide parar de alimentar a sua fera interior ao deixar de usar suas mortíferas garras de adamantium; ele abandona a alcunha de Wolverine e resolve viver uma vida pacata como fazendeiro e pai de família no meio oeste americano. Mas, em se tratando do Wolverine, não importa se ele evita encrenca, em algum momento a encrenca acaba procurando por ele, e é isso que acontece quando um velho amigo retorna e lhe faz uma proposta que ele não é capaz de recusar, levando-o por uma road trip pelo território norte-americano, na qual eles irão cruzar o caminho de diversos vilões - velhos e novos -, e passar pelas situações mais inusitadas e absurdas.
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Logan na Estrada |
É este clima de viagem que torna a história tão empolgante. Não tem como ver a dupla de heróis cruzando o deserto em um veículo turbinado (alguém aí se lembra do Aranhamóvel?) e não fazer um paralelo com Mad Max, no qual McNiven parece claramente se inspirar. Elementos de filmes western também podem ser identificados na jornada de Logan e sua saída forçada da aposentadoria, além de fazer diversas referências não só ao passado do mutante, mas também do Universo Marvel.
Mark Millar utiliza o ponto de vista do protagonista como a porta de entrada do leitor para este desolado e melancólico mundo, onde as pessoas vivem oprimidas e desesperançadas sob o jugo de um governo despótico de criminosos que fatiaram os EUA em diversos "feudos" em que cada um faz a sua própria lei. É impossível não sentir uma pontada de tristeza quando vemos centenas de pessoas adorando o mjolnir de Thor em uma Las Vegas decadente, aguardando pelo retorno de seus "heróis", ou quando nos deparamos com o gigantesco corpo de Hank Pym tombado sobre uma rodovia.
Mark Millar utiliza o ponto de vista do protagonista como a porta de entrada do leitor para este desolado e melancólico mundo, onde as pessoas vivem oprimidas e desesperançadas sob o jugo de um governo despótico de criminosos que fatiaram os EUA em diversos "feudos" em que cada um faz a sua própria lei. É impossível não sentir uma pontada de tristeza quando vemos centenas de pessoas adorando o mjolnir de Thor em uma Las Vegas decadente, aguardando pelo retorno de seus "heróis", ou quando nos deparamos com o gigantesco corpo de Hank Pym tombado sobre uma rodovia.
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Wolvernie Liberta a "Fera" |
Esta é uma das histórias mais violentas já feitas para o Wolverine, e justamente por isso é uma das melhores. Dois conjuntos de garras afiadíssimas não podem ser utilizados para outra coisa a não ser desmembrar e estripar adversários, e pensar o contrário seria tolice. É para isso que a Arma X foi criada, e é melhor ainda quando testemunhamos toda a resistência e recusa de Logan em liberar suas garras ao longo de quase dois terços da obra. Millar vai "cozinhando" a expectativa do leitor, que aumenta ainda mais quando ele revela o evento que forçou Logan a se aposentar. Quando finalmente vemos Wolverine liberar suas garras (e confesso que achei genial a forma que o autor emprega para ilustrar este grande momento), Millar e McNiven não nos decepcionam. É a primeira vez que vi tanto sangue e tripas em uma HQ da Marvel, e neste ponto a arte de Steve McNiven consegue transmitir com primor toda a violência e fúria animal contidas no Wolverine. E esta história não poderia ter uma conclusão melhor e mais poética, com Logan enfrentando seu primeiro adversário dos quadrinhos: o Hulk!
HQ recomendadíssima para os fãs do Wolverine, por explorar o melhor lado deste icônico personagem dos quadrinhos, e o mais importante: não é necessário ter lido outras HQs do mutante ou possuir grandes conhecimentos além do básico do Universo Marvel para poder entender esta história, que funciona perfeitamente bem sozinha. Para completar, a arte de McNiven está sensacional, cujo enquadramento em close dos personagens em momentos chave e belíssimas imagens panorâmicas traduzem perfeitamente a sensação de estar assistindo a um filme de ação. Só não espere um final feliz, do tipo Bem vence o Mal, ou "e o herói viveu feliz para sempre"! Esta é uma história de dor, de arrependimento e de vingança, principalmente de vingança, que termina com uma longa trilha de corpos e sangue pelo caminho, tanto de vilões como de mocinhos. Boa leitura!
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