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Steve Dillon |
Estava eu navegando na Internet no dia 22 de Outubro quando me deparo com uma triste notícia: a nona arte acabava de perder um grande colaborador, o artista britânico Steve Dillon, vítima de uma ruptura do apêndice. Sim, aquela doença escrota que causa dores escrotas e que pode ser resolvida com uma simples operação. Infelizmente a vida real não é como nos quadrinhos, onde a morte não é definitiva, e sempre é possível voltar com um reboot ou um soco na realidade.
Dillon ficou famoso no mundo dos quadrinhos principalmente por sua colaboração com o roteirista Garth Ennis em Hellblazer e Preacher, da DC/Vertigo e Justiceiro da Marvel. Os dois possuíam uma conexão que poucos artistas conseguem alcançar na atualidade: os desenhos de Dillon eram capazes de traduzir completamente o espírito dos roteiros loucos de Ennis, e o desenhista é um dos raros casos em que um leitor pode abrir uma HQ e de cara reconhecer seus desenhos, sem precisar ler os créditos.
Para homenagear Steve Dillon, resolvi antecipar a resenha do volume 5 de Preacher, uma vez que o próximo volume, seguindo a sequência das minhas postagens, seria Histórias Antigas, que é justamente uma coletânea com os especiais de Preacher desenhados por outros artistas. Como a falta dessas histórias não afeta o entendimento do Volume 5 - que é totalmente desenhado por Dillon -, resolvi antecipar este volume.
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Les Enfants du Sang |
É em Preacher Volume 5: Rumo ao Sul, que as coisas começam a dar realmente errado para o trio Jesse, Tulipa e Cassidy. Garth Ennis deixa a ação um pouco de lado para explorar a relação entre estes três personagens, em especial o aspecto "confiança". Enquanto o Reverendo Mais Irreverente do Mundo precisa recuperar a confiança de sua amada, traída quando ele a abandonara em um hotel na França para lutar contra o Graal sozinho, o vampiro irlandês, durante um porre, revela que está perdidamente apaixonado por Tulipa. É claro que a loira recusa o beberrão, mas fica numa verdadeira sinuca de bico, pois Cassidy e Jesse são grandes amigos, e ela tem medo de estragar essa amizade revelando que o melhor amigo do seu namorado quer furar o olho dele. Assim, vivendo nessa tensão invisível, o trio viaja para Nova Orleans, onde eles irão encontrar um velho amigo de Cassidy, que irá utilizar magia vodu para que Jesse se conecte com a entidade Gênesis e possa descobrir o paradeiro de Deus, com quem ele quer acertar as contas.
O problema é que toda vez que eles seguem os conselhos de Cassidy dá em alguma merda (vide o Retalhador Picador, de Preacher #1), e dessa vez não é diferente. Agora eles irão cruzar o caminho dos Enfants du Sang, um grupo de jovens góticos aspirantes a vampiro que têm uma rixa com Cassidy. Além disso, Xavier, o sacerdote vodu cuja ajuda eles vão procurar, é um antigo desafeto do vampiro, devido a um caso misterioso do passado, envolvendo uma mulher. Pelo visto, não é a primeira vez que Cassidy fura o olho de um amigo.
Durante o ritual vodu Jesse descobre, por meio de Gênesis, sobre a verdadeira história do Santo dos Assassinos (que é revelada no Volume 4: Histórias Antigas), bem como o verdadeiro causador de toda a desgraça na vida do matador. Cassidy reencontra os Enfants du Sang, com resultados nada agradáveis para ele, e é Tulipa quem tem que resolver a parada, mostrando mais uma vez que ela é a integrante mais fodona do trio, pelo menos quando está com uma arma na mão.
Esta história ainda conta com o retorno de um personagem que há muitas edições não dava as caras: o Cara de Cu. O bizarro adolescente consegue finalmente encontrar o pastor Jesse Custer, mas será que finalmente ele terá coragem de se vingar?
Esta história apresenta o enredo mais fraquinho até agora, porém continua repleto de situações absurdas e engraçadas, a maior parte delas protagonizada pelo Cara de Cu, que inacreditavelmente começa a galgar seu caminho de astro do rock. Confesso que de início não gostei muito desse lance de triângulo amoroso no trio de protagonistas, porém isto irá se mostrar importante no futuro da série e para sua conclusão. Os desenhos de Steve Dillon continuam sensacionais, com seu estilo simples e ao mesmo tempo detalhista. O que chama a atenção, como sempre, é a caracterização dos personagens e suas expressões, que são o marco deste incrível artista, que com certeza fará muita falta aos quadrinhos de um modo geral.
Preacher #5 foi publicada no Brasil pela Panini Books em um encadernado em uma edição de luxo com capa dura e papel couchê. Boa leitura!
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