Há várias séries baseadas em personagens de quadrinhos disponíveis atualmente nas mais diversas plataformas, mas será que vale a pena assistir a todas elas? Este post inicia um um guia sobre as principais séries de super heróis sendo exibidas atualmente, com algumas informações para ajudar o leitor a decidir qual acompanhar, baseado em minha opinião pessoal. Justamente por isso somente falarei das séries que já assisti a pelo menos uma temporada completa.
A primeira série que irei avaliar é Arrow, já que ela foi a primeira série a explorar o rico multiverso da DC Comics na televisão desde que os filmes de heróis se tornaram uma moda. Produzida por Greg Berlanti ("Greg move your head!"), Mark Guggenheim e Andrew Kreisberg, a série protagonizada por Stephen Amell foi ao ar pelo canal The CW em 2012. Aqui no Brasil ela é exibida pelo canal pago Warner Channel, pelo SBT com o nome Arqueiro, e também consta no catálogo da Netflix.
1. Informações Sobre a Série
A primeira temporada de Arrow adaptou a origem do herói conhecido como Arqueiro Verde, alter-ego de Oliver Queen (Amell), playboy bilionário e mulherengo herdeiro de uma poderosa corporação industrial. Após sobreviver ao naufrágio de seu iate, Oliver ficou perdido na misteriosa ilha chamada Lian Yu por 5 anos. Após ser resgatado, ele retorna para Starlig City de posse de uma lista de nomes de supostos criminosos e corruptos, e decide caçá-los utilizando as habilidades de arquearia que ele aprendeu com um misterioso homem enquanto estava na ilha.
Com cada temporada contando com 23 episódios, a trama principal não é desenvolvida em todos eles, de modo que os espaços vazios são preenchidos pelo chamado "vilão da semana", aproximando a série do modelo procedural das séries policiais comuns. Além disso, a produção também usa o famoso esquema já explorado à exaustão em Lost, de intercalar momentos do presente com flashbacks de eventos ocorridos no tempo em que Oliver estava preso na ilha. Apesar de manjado, este modelo funcionou bem enquanto os eventos dos flashbacks possuíam relação com os do presente
Sendo uma série com classificação etária livre, Arrow foi feita para ser uma série para a família toda, o que é uma característica das produções do canal The CW. Assim, ela é recheada de dramas pessoais e familiares, o que não necessariamente transforma a série em um dramalhão, mas abre as portas para explorar um lado mais pessoal de seus personagens.
2. Pontos Positivos
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Manu Bennett como Exterminador |
Nas duas primeiras temporadas tivemos uma visão mais pé no chão e realista do Arqueiro Verde, bastante inspirada ns fases de Mike Grell e de Andy Diggle com o personagem nos quadrinhos, bem como a trilogia de filmes do Batman dirigida por Christopher Nolan, o que agradou bastante aos fãs. Ele não agia ainda como um herói propriamente dito, mas como um vigilante procurado pela polícia e apelidado pela mídia como "o Capuz". A evolução do nome do personagem até ele se tornar o Arqueiro Verde que conhecemos acompanha sua jornada como herói, e essa jormada levou algumas temporadas para ser concluída.
Outro aspecto importante do início da carreira do Oliver como vigilante é que ele não usava as famosas flechas especiais, apenas as flechas comuns - simples, porém letais -, o que o tornava um criminoso aos olhos da polícia. Seu principal antagonista na corporação era o detetive Quentin Lance (Paul Blackthorne), o qual também tinha uma rixa pessoal contra Oliver Queen, já que uma de suas filhas, Sara Lance (Caity Lotz), havia morrido no naufrágio do iate de Oliver, com quem ela tinha um affair. O pior dessa história toda é que na época Oliver namorava Laurel (Katie Cassidy), a outra filha de Quentin.
A série foca bastante no lado humano de Oliver, através de suas relações com sua família, amigos e com a própria cidade. Ele evolui como personagem ao longo das temporadas, deixando aos poucos de ser um vigilante solitário para aceitar a ajuda de outros em sua cruzada, como o ex-militar, guarda-costas e melhor amigo John Diggle (David Ramsey) e a especialista em informática Felicity Smoak (Emily Brett Rickards). Uma consequência natural disso é que aos poucos ele vai deixando de lado seus métodos letais para agir mais como um super herói, e com isso ganhando a confiança da cidade e da polícia.
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O Team Arrow |
Mas a melhor coisa em Arrow são seus vilões. A série foi a principal responsável pela popularização do Exterminador, brilhantemente interpretado por Manu Bennet, que nos entregou um vilão realmente ameaçador. Sua origem está diretamente ligada ao tempo em que Oliver ficou em Liam Yu, e a série aproveita muito bem o recurso dos flashbacks para explicar as motivações do vilão. Outro adversário que impressionou foi Prometheus (Josh Segarra), o vilão da quinta temporada. Segarra rapidamente conquistou os fãs com um vilão totalmente psicótico, capaz de sacrificar a própria esposa para atingir o Arqueiro.
Por fim, é preciso destacar o fato de que Arrow foi o pontapé inicial para um universo - ou melhor, multiverso - compartilhado de heróis e vilões da DC nas séries de TV. Após o sucesso da série tivemos o lançamento de Flash, Legends of Tomorrow e Supergirl. Diversos personagens importantes da editora já apareceram neste multiverso: Superman, Caçador de Marte, Nuclear, Eléktron, Flash Reverso, Gorila Grodd, Ra's al Ghul, Vixen, Constantine, dentre outros.
3. Pontos Negativos
A partir da mid season finale da terceira temporada Arrow teve uma expressiva queda de qualidade. Um dos motivos para isso foi a insistência dos roteiristas em forçar um romance entre Oliver e Felicity. Minha resistência a este romance não se deve apenas ao fato dele ignorar um dos aspectos mais clássicos do personagem, que é sua relação amorosa com a Canário Negro, mas também porque este romance trouxe uma carga dramática desnecessária para a série, digna de uma novela mexicana. A personagem de Emily Brett Rickards, sempre muito carismática por causa de seu humor, se tornou uma chorona melodramática insuportavelmente chata.
Além do "Olicity", tivemos também um desgaste do formato da série: se por um lado os flashbacks se tornaram desnecessários quando deixaram de ter relevância para os eventos da trama principal, sendo exibidos mais como uma obrigação, por outro a velha receita, repetida desde a primeira temporada, do vilão que ameaça a destruir a cidade de Oliver - seja com terremoto, supersoldados assassinos, bomba biológica ou atômica - tornou a série extremamente previsível e repetitiva.
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Matt Nable como Ra's al Ghul |
Mas o que mais incomodou os fãs foi a apelação dos roteiristas em transformar o Arqueiro Verde em uma cópia do Batman. Não apenas alguns traços da personalidade de Bruce Wayne foram reproduzidos pelo Arqueiro Verde, como alguns arcos da HQ e até mesmo vilões, como Ra's al Ghul e a Liga dos Assassinos, o Vagalume, o Dollmaker, o Pistoleiro e a Caçadora. Com isso, o Arqueiro Verde que vimos na TV acabou perdendo muito das características de sua contraparte dos quadrinhos - humor ácido e um seu forte senso social e político - para dar lugar a uma versão mais sombria, sisuda e amargurada do herói, características marcantes do Homem Morcego.
Finalmente, preciso falar sobre um aspecto que não é necessariamente um defeito, mas também incomodou alguns fãs. A ampliação do team Arrow, bem como a introdução dos metahumanos, se por um lado abriram as portas para vários acontecimento legais dos quadrinhos e propiciaram o surgimento do Arrowverse, por outro tornaram os roteiros mais cômicos, distanciando a série da sua pegada original, mais realista. Qualquer um com uma fantasia de couro e conhecimento mínimo de karatê pode se tornar um vigilante e lutar contra bandidos de verdade, fortemente armados. Enquanto levou um certo tempo e muito treinamento para Roy Harper (Colton Haynes) se tornar o Arsenal, bastou que Laurel treinasse boxe e vestisse uma fantasia apertada de couro para se tornar a Canário Negro, isso porque nem quis falar sobre o Mad Dog ou o "Senhor Incrível".
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Laurel como Canário Negro |
4. Conclusão
Apesar de seus defeitos, ainda vale à pena assistir Arrow. Apesar da terceira temporada problemática e do fiasco da quarta, a série se redimiu no seu quinto ano, com uma das tramas mais aclamadas desde a estreia da série.
Arrow ainda se mantém como o maior carro chefe da DC na televisão, e um caminho para as pessoas conhecerem personagens dos quadrinhos que dificilmente serão adaptados para o cinema. Além disso, a criação de um universo compartilhado proporciona a possibilidade de se adaptarem vários arcos legais dos quadrinhos, como Invasion, que uniu as quatro principais séries de heróis da CW em um plot comum.
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